✎ Por Mayara Gonçalves
Hoje é dia de abordar um assunto muito legal aqui no Fala, Prô! A dança é uma incrível forma de expressão dos seres humanos e fala muito sobre a cultura e sobre o modo como lidamos com nossos corpos em um contexto social.
Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Cliff Booth no Pexels. |
Gosto de pensar na dança como uma extensão da revolução que a música faz em nossos corações. Prova disso é que todo mundo já se empolgou ao ouvir uma música que gosta e começou, pelo menos, a bater o pezinho debaixo da mesa, né? Assim, é interessante pensar em como o hábito de dançar impacta no processo de apropriação do corpo e aprendizagem escolar da pessoa com deficiência.
Desmistificando a dança no contexto da PCD
Neste momento pode passar pela sua cabeça a seguinte questão: “Mas pessoas com deficiência podem dançar?” e a resposta é SIM! Pessoas com qualquer tipo de deficiência podem “mexer seus esqueletos”. Há quem fique surpreso com esta afirmação, já que não é comum encontrar PCDs dançando em festas, baladas e bares (fruto do horrível e velho capacitismo, infelizmente!), mas muitas pessoas com deficiência amam dançar e, mais importante que isso: cada uma dança do seu jeito!
Clipe da música Novo Normal, do DJ Dennis, com a participação de Vanessa Andressa e Pequena Lo
A questão aqui é que muitos PCDs nem sabem que gostam de dançar. Afinal, numa sociedade padronizada, acabamos nos fixando em certos movimentos de dança entendidos como “bonitos” e “adequados” para essa atividade. Assim, perdemos toda a magia da experimentação que mora no ato de dançar. Eu mesma só descobri que gosto de dançar (do meu jeito) há uns 3 anos, quando comecei a sair mais com amigos. Isso foi muito valioso porque me reconectou com algo que eu já tinha desde pequena, mas de uma forma diferente.
Na minha vida, a dança sempre foi associada a uma forma de terapia, e não de expressão corporal e diversão. Por isso, ao longo do tempo fui achando tudo isso muito chato e abandonando o gosto por “brincar de dançar”. Assim, perdi essa conexão tão importante com o ato de movimentar o corpo e com a aceitação do eu. Até pouco tempo atrás, achava que dançar era ficar exposta ao olhar alheio, com movimentos totalmente fora do que “é pra ser uma dança normal”. Porém, tudo isso mudou quando eu tive a oportunidade de me divertir junto com pessoas queridas através da dança, em um espaço seguro e livre de julgamentos. E ainda bem que isso aconteceu. Hoje não perco uma festa e uma oportunidade de dançar! (aliás, saudades de uma aglomeração dançarina em tempos pré-pandemia!)
Além disso, chamar uma pessoa com deficiência para dançar (e respeitar se ela não quiser!) é um ato muito sincero e realmente inclusivo que pode partir de qualquer pessoa.
O vídeo da Joana Lutzke dançando na Sommerfest de 2020, no ES, viralizou!
Dança e pessoas com deficiência nas redes sociais
Existem companhias/centros de dança adaptada como a De Rodas Para o Ar e a Associação Fernanda Bianchini (que oferece aulas de ballet, dança do ventre, sapateado e outros ritmos para pessoas com deficiência visual), que fazem um excelente trabalho explorando a teatralidade da dança aplicada ao contexto da PCD. No entanto, por uma preferência pessoal, eu sempre gostei de acompanhar pessoas com deficiência que trouxeram a dança para suas vidas de maneira mais espontânea. Por isso, vou destacar dois perfis maravilhosos que me ensinaram muito:
Chelsie Hill (@chelsiehill / @rollettes_la)
Eduardo Victor (@oeduardovictor)
O Dudu é uma das pessoas que mais me ajudaram a entender, através do seu conteúdo, que a dança é um recurso poderoso para quem quer compartilhar vivências, respeitar seu corpo e promover a inclusão
Além deles, ainda destaco o perfil da Vitória Buono (@vihb_bailarina),que tem 16 anos e encanta a todos como bailarina, e da Vanessa Andressa (@vanessaandressa), que aparece no clipe Novo Normal do DJ Dennis (logo acima, neste post), junto com a engraçadíssima Lorrane Silva (@_pequenalo), e está cursando Licenciatura em Dança na UFRJ.
A dança como recurso de aprendizado e inclusão na sala de referência
Voltando para o âmbito escolar, todo mundo já dançou na Festa Junina um dia, né? Essa acaba sendo nossa principal forma de contato com a dança na infância. Fora isso, quando estudamos as histórias e culturas regionais, também passamos a conhecer superficialmente as danças típicas do Brasil. Porém, refletir sobre a expansão do contato com a dança na trajetória escolar é importante.
Se, enquanto educadores, estamos sempre em busca de novas ferramentas para ensinar, por que não introduzir a música e a dança nas aulas? Em história e geografia, por exemplo, experimentar um pouco das danças típicas do mundo pode ser uma ótima forma de fixar conceitos e contextos aprendidos com a turma sobre a cultura de determinado povo. Há espaço inclusive para vivências interdisciplinares muito ricas que trazem consigo aprendizados sobre o corpo e a importância de mantê-lo em movimento, a cultura, o povo, etc. Aliás, a Leiturinha tem um artigo que eu indico para te ajudar a entender a importância do aprendizado acerca da música infantil em outros países!
Porém, para incluir a PCD nesse ciclo de aprendizado na sala de referência é preciso ter em mente que será uma vivência conjunta, onde a educadora tem o papel de transformar a sala em um espaço seguro, no qual todo mundo é incentivado a dançar do seu jeito, aprendendo enquanto se diverte. Além de falar muito sobre inclusão, esta atividade incentiva a criatividade e a aceitação das diferenças. Além disso, encorajar outras crianças a dançar com a PCD faz parte da diversão e, com certeza, deixará a PCD muito feliz por ser parte de algo que socialmente, não costuma incluí-lo. E aí, bora aumentar o som e dançar na próxima aula? 😄
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