✎ Por Mayara Gonçalves
Você já parou para pensar sobre a importância de pedir ajuda? Essa é uma coisa que pouca gente faz, e é interessante ter a oportunidade de refletir sobre o assunto enquanto pessoa com deficiência aqui no Fala, Prô!, porque "ser ajudada(o)" faz parte das nossas vidas de maneiras muito peculiares desde a primeira infância.
Imagem meramente ilustrativa. Fonte: PXHere |
Seja para facilitar o acesso, simplificar atividades cotidianas ou viabilizar o entendimento de algo, a ajuda sempre estará presente, mesmo que de formas diferentes para cada um de nós. A verdade é que faz parte do senso comum (e capacitista) a máxima de que pessoas com deficiência precisam de "mais ajuda" do que as outras. E, acreditem ou não: quem convive com essa realidade corta um dobrado para estabelecer limites e ressignificar o papel de tantos auxílios em suas vidas.
Numa sociedade em que o conceito de "prova" é comum desde as escolas e onde se destaca quem é capaz, muitas pessoas acabam se sobrecarregando de tarefas só para mostrar que dão conta. Isso não é diferente com muitas PCDs, que constantemente sentem que precisam provar que são capazes para poderem ocupar espaços que são delas por direito. Além disso, em meio a tantas sobrecargas que não nos competem, ainda somos erroneamente colocadas em um pedestal, como referências de superação e força.
Tal cenário acaba causando uma confusão em muitos de nós a respeito de quando pedir ajuda ou não. A linha é bastante tênue entre um cenário e outro e esse questionamento pode afetar todas as esferas de nossas vidas durante um bom tempo. Da mesma forma, é difícil separar aqueles que não fazem ideia de como ajudar uma PCD e se afastam por desconhecimento, dos que chegam ajudando sem perguntar qual é a melhor maneira.
Tanto no contexto das provas escolares, quanto no cotidiano permeado pela meritocracia capitalista (e capacitista), um erro grave é cometido toda vez que optamos por desconsiderar o fator humano. Assim, entendo que ao resumir a trajetória de um aluno ao seu desempenho nas provas, estamos desconsiderando toda a evolução e o prazer que deve fazer parte do processo de aprendizado.
Por outro lado, quando não perguntamos para uma pessoa com deficiência qual é a melhor forma de ajudá-la ou não abrimos espaço para que ela se sinta confortável em pedir ajuda quando achar necessário, dificultamos o processo de autoconhecimento e aceitação. Por isso, cabe a nós educadoras e educadores incentivarmos as crianças e adolescentes a ajudarem uns aos outros, transformando o processo de aprendizado em algo muito mais coletivo, que vai além das matérias escolares, estudando também vivências sociais.
Afinal, é preciso entender que, assim como ambientes acessíveis contribuem para a independência de todos (e são de responsabilidade do Estado e da iniciativa privada), o fato de educarmos nossas crianças para serem "pessoas acessíveis" faz com que "pedir ajuda" ou "ajudar" seja algo comum, que faz parte do convívio em sociedade e não carrega nenhum significado negativo em si.
Nenhum comentário:
Postar um comentário