✎ Por Mayara Gonçalves
Se tem uma coisa que alguém que vive no Brasil sabe é que este país não é para amadores. Desde 2018 (ou 2016, com o golpe?), as terras Tupiniquins têm experimentado o gosto amargo do fascismo no poder e, com a perspectiva de uma mudança advinda das eleições de 2022, muitas e muitos de nós deixaram a ansiedade negativa de lado para dar lugar à esperança de um país que sai mais uma vez no mapa da fome e volta a abrigar um lugar de destaque por suas políticas educacionais.
Foto por Fernanda Fusco, 2019. Imagem meramente ilustrativa. |
Não sei quantas/os de vocês, educadoras e educadores, ficaram surpresas/os com o resultado do primeiro turno das eleições (escrevo esse texto para o Fala, Prô! há um dia do segundo turno), mas quando digo que esse país não é para amadores é porque ele é o único que tem terraplanistas elegendo um astronauta vendedor de travesseiro.
Além disso, tem a candidata a vice-presidente, mulher com deficiência, que não se posiciona quando questionada se deve escolher entre uma pessoa que defendeu todas as políticas de inclusão/humanização de quem é como nós e um genocida que nos apagou do mapa. Até observei como a outra candidata de sua chapa nunca a deixou abrir a boca durante suas campanhas, nem sequer no Dia da Pessoa com Deficiência. Mas depois desse posicionamento dela eu "passei um pano", como dizem os jovens. "Passando pano pra latifundiária agro é pop - nova revelação do centrão brasileiro, Mayara?" Pois é. A que ponto chegamos!
Eu chamo esses pequenos recortes de representação do Brasil atual que, por vezes, não faz sentido algum. E se eu fosse política, que discurso faria na minha posse? Talvez aquele que salva o coração de muitas e muitos em tempos tão retrógrados como esses. Precisamos de centenas de Éricas, Mônicas, Sônias, Guilhermes e outrEs, gente como a gente, ocupando espaços! Precisamos do povo, desde pequeno, construindo o saber dentro de uma escola centrada nas potencialidades - ao invés de precisar passar seu tempo suplicando aos quatro ventos para que ela continue existindo.
"Apesar de você
— Chico Buarque (@_Buarqueanos) April 23, 2020
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia" 🎶
Arte por Glauber Filho. pic.twitter.com/dwRsvxtAW6
É sim uma aventura da consciência: não só aquela da qual jorrou esse texto que você está lendo, mas principalmente a de classe - porque só essa nos faz escolher as batalhas certas para lutar todos os dias. Batalhas que só as Marias e Josés (que não tiveram outra escolha a não ser viverem como lembranças dentro de nós) sabiam lutar. Para que escritos como o que vem a seguir (que também é fruto dos últimos dias) não precisem ser lidos em voz alta por todas as vozes que, amargas, seguem à procura do seu tom.
Participação do influenciador Ivan Baron na Super Live Brasil da Esperança
Clique na imagem para ampliar! |
Talvez uma em que ninguém precisasse lidar com fronteiras, desigualdades, fome, desconhecimento, apagamento, preconceitos e essa sensação horrível de que, para ter o básico (sim: conhecer outras culturas e vivenciar experiências que agregam em quem somos também faz parte do básico!), você precisa mesmo deixar um pouco de si para o outro e colher os "frutos do seu mérito". Já pensou que loucura o mundo sem essas grades invisíveis que o homem criou para aprisionar a ele mesmo? Em outras formas de viver e de pensar, elas existiriam só para cumprir a doce tarefa de evitar acidentes... e não para separar aqueles que podem, acessam e vivenciam dos demais.
Gostou? Então deixe seu comentário aí embaixo. Nos vemos na próxima, prôs!
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